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Mestrado Profissional em Ensino de Física
Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha |
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Trabalho orientado pelos professores
Drª. Eliane Angela Veit
e
Dr. Fernando Lang da Silveira
Os Trabalhos Trimestrais são uma proposta de Pequenos Projetos de Pesquisa desenvolvida e aprimorada por mais de uma década por professores de Física na Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, que passamos a designar - Fundação Liberato. Este, que intitulamos Guia do Professor é um texto no qual são apresentados tópicos desta experiência de sala de aula, mas para conhecer melhor a proposta dos Trabalhos Trimestrais recomenda-se recorrer também ao Guia do Aluno à homepage dos Trabalhos Trimestrais, à dissertação do autor deste texto no Mestrado Profissional em Ensino de Física ou aos demias conteúdos deste CD
A organização da Fundação Liberato permite realizar um Pequeno Projeto de Pesquisa por trimestre, fato que originou o termo Trabalho Trimestral, no entanto esta proposta pode sofrer pequenas alterações para ser aplicada em trabalhos semestrais ou anuais em escolas onde as realidades são distintas da encontrada na Fundação Liberato e por este motivo os nomes Trabalho Trimestral e Pequeno Projeto de Pesquisa são usados simultaneamente neste texto.
Professores que atuam em sala de aula possuem uma tendência pragmática, conferindo menor importância para as teorias de aprendizagem que permeiam suas ações e na Fundação Liberato não é diferente. Assim os Trabalhos Trimestrais foram desenvolvidos por muito tempo, sem embasamento em uma teoria específica, sempre seguindo o "bom senso". O professor em sala de aula, com grande carga horária, mas que ainda encontra disposição para inovar e mostrar para seus alunos uma forma diferente de aprender Física, pode recorrer aos próximos capítulos e encontrará as informações necessárias para implantar uma proposta de Pequenos Projetos de Pesquisa em sua escola. Caso também tenha interesse no embasamento teórico pode recorrer à dissertação de mestrado (Mützenberg, 2005).
Uma atividade que é desenvolvida ao longo de um trimestre ou mais precisa ser planejada com antecedência. Orientações para este planejamento, que começa pela escolha de temas de pesquisa, passa pela seleção de exemplos, planejamento do calendário, reservas de material, revisão das planilhas de avaliação e elaboração da proposta são apresentadas no capítulo 2 - A Preparação.
O Momento de Orientação é abordado no Guia do Aluno. No capítulo 3 - Momento de Orientação - as sugestões referentes a esta etapa dos Trabalhos Trimestrais são complementadas com cuidados específicos que devem ser tomados pelos professores
O encaminhamento da proposta não fica limitado em apresentar os temas de pesquisa. No capítulo 4 - Aula das propostas - são listados itens que devem ser abordados nos dois períodos da Aula das Propostas.
No capítulo 5 - Aula das Apresentações - são apresentadas dicas para a organização do dia das Apresentações. Esta organização é fundamental e significa reservar os materiais necessários, arrumar a sala para a Apresentação e preparar os protocolos de avaliação.
O sucesso desta atividade didática depende de um processo de avaliação que permite um feedback para professores e alunos, estando organizado para ocorrer através dos protocolos de avaliação, apresentados no capítulo 6 - Avaliando Trabalhos Trimestrais - deste guia.
Os materiais de apoio (Guia do Aluno, CD dos Trabalhos Trimestrais, e Página dos Trabalhos Trimestrais) foram compilados para ajudar o professor na trabalhosa tarefa de desenvolver Pequenos Projetos de Pesquisa. Como nenhum material instrucional é auto-suficiente, o capítulo 7 - Material de Apoio - foi incluído neste guia para ajudar professores a tirar melhor proveito deste material.
As sugestões, planilhas, modelos e exemplos apresentados neste Guia do Professor representam o "estado da arte" dos Trabalhos Trimestrais na Fundação Liberato. O Guia não pretende ser a forma correta, nem a melhor maneira de desenvolver Pequenos Projetos de Pesquisa, mas é o ponto de partida que posso oferecer para quem deseja implantar uma forma alternativa de ensinar a Física.
O professor que deseja liberdade para decidir o que é fundamental e o que é opcional nos Trabalhos Trimestrais deve conhecer os valores pedagógicos e os princípios didáticos que permeiam a proposta. Para ele o Guia do Professor será um simples ponto de partida de uma longa caminhada, cujos primeiros passos podem ser a leitura da dissertação de mestrado que está no CD.
Para aprimorar a proposta dos Pequenos Projetos de Pesquisa será importante a sua análise sob a luz das teorias da aprendizagem, sem necessariamente enquadrá-la em uma das teorias apresentadas no capítulo 2 da dissertação - Teorias da Aprendizagem. As teorias daquele capítulo são as que foram mais significativas para chegar onde estamos. No prosseguimento da caminhada, outras teorias poderão dar novos rumos, abrir novos horizontes.
Há diferentes formas de trabalhar com projetos no ensino, há muitas formas de ensinar Física e todas elas são fortemente influenciadas pela realidade da escola onde o professor trabalha. No capítulo 3 da dissertação - Contexto da Atividade - a proposta é contextualizada em três níveis distintos: as aulas de Física na Fundação Liberato, a pedagogia de projetos e o ensino da Física. A primeira contextualização tem âmbito local, pessoal e apresenta as atividades desenvolvidas na Fundação Liberato, permitindo conhecer os recursos disponíveis onde a proposta foi estudada. A segunda tem âmbito na pesquisa em ensino, comparando os Trabalhos Trimestrais com metodologias que envolvem pedagogia de projetos e educação pela pesquisa. A terceira coteja os Trabalhos Trimestrais com propostas de ensino experimental de Física que predominam nos Simpósios Nacionais de Ensino de Física e em importantes revistas brasileiras voltadas ao ensino de Física.
A elaboração dos protocolos de avaliação foi acompanhada de uma tomada de consciência e de re-significação dos valores que permeiam a avaliação de atividades escolares. É nosso desejo que professores façam uso destes protocolos e os adaptem à realidade dos seus alunos, mas esperamos que estas adaptações não ocorram à revelia. Por isto estes valores são compartilhados no capítulo 4 da dissertação - Avaliação e Teorias da Aprendizagem.
Vale lembrar que os Pequenos Projetos de Pesquisa, assim como aulas expositivas, aulas de laboratório, exercícios e provas são uma das atividades desenvolvidas durante as aulas de Física. Entendemos que a importância dos Pequenos Projetos de Pesquisa ultrapassa as 12 aulas, de um total de 120, dedicadas ao encaminhamento (aulas das propostas) e Apresentação dos Trabalhos Trimestrais durante o ano letivo.
Aos que perguntam: por que não dedicar mais tempo para uma atividade tão importante? Recomendamos ler este guia para conhecer as atividades extraclasse que acompanham o desenvolvimento de um Trabalho Trimestral.
As orientações descritas neste capítulo estão baseadas em uma experiência de vários anos, entretanto a sua organização só foi possível depois que os Trabalhos Trimestrais foram documentados.
Aos que perguntam se é possível fazer Pequenos Projetos de Pesquisa em sua escola, respondemos que os Trabalhos Trimestrais podem ser desenvolvidos quando a escola oferece liberdade e apoio. Cabe ao professor o planejamento necessário para que a Aula das Propostas possa ocorrer no início do trimestre e os alunos tenham muito tempo para pesquisar, experimentar, pensar, corrigir e escrever sobre suas atividades.
Uma atitude profissional do professor requer que ele planeje e organize o seu tempo, mas isto não é simples quando ele deseja desenvolver um trabalho novo, que envolve atividades que ele não conhece. Neste capítulo citamos detalhes sobre escolha dos assuntos, organização de exemplos, planejamento do calendário, revisão dos protocolos de avaliação, Momento de Orientação e organização geral que podem afetar o desenvolvimento da atividade. Alguma(s) destas seções podem ser dispensadas, cabendo ao professor decidir quais manter.
No Guia do Aluno é mencionada a possibilidade de deixar a escolha do assunto do Trabalho Trimestral a critério dos alunos. Entretanto Barry Schwartz argumenta que o excesso de possibilidades de escolha gera ansiedade e contribui para a infelicidade[1]. Esta informação contraria as idéias de Carl Rogers[2] e mostra que a necessidade que ele sentiu, de prover limites e exigências, sempre fará parte da e-ducação.
Será prudente oferecer três ou quatro alternativas de Trabalho Trimestral, sem "fechar as portas" para as idéias dos alunos. Quando um grupo de alunos procura o professor com uma idéia que não está entre as sugestões propostas, ele analisará esta idéia, avaliará se ela atende o nível de exigência proposto para a série e se ele conhece alguma literatura sobre o assunto para sugerir aos alunos.
Qualquer assunto que possa ser explorado por uma montagem experimental, permitindo estudar fenômenos físicos, pode ser objeto de um Trabalho Trimestral de Física. Relatórios de pesquisas bibliográficas, elaboração de páginas na Internet, histórias em quadrinhos ou peças de teatro cabem como produtos de Pequenos Projetos de Pesquisa. Em resumo qualquer proposta que mobilize a atividade do aluno poderá ser motivo para um Pequeno Projeto de Pesquisa, desde que o professor se sinta capaz de motivar, orientar e avaliar as atividades dos alunos. Estas alternativas não são exploradas na Fundação Liberato e dificilmente seriam avaliadas com as planilhas que propomos para os Trabalhos Trimestrais.
Livros didáticos [3-4] sugerem atividades experimentais, que podem motivar Trabalhos Trimestrais. Há professores que evitam fazer estas experiências com receio de que não funcionem evidenciando que a realização de experimentos nem sempre é uma tarefa simples. Muitas destas atividades experimentais são realizáveis em escolas com poucos recursos, desde que o professor esteja disposto a avaliar o processo e não apenas o resultado.
Para quem trabalha em escolas com acesso a Internet, uma boa sugestão é a página Feira de Ciências:
Nesta página o professor Luiz Ferraz Neto disponibiliza uma grande quantidade de sugestões de experiências para feiras de ciências. O grau de complexidade dos experimentos varia muito, encontrando-se sugestões para Trabalhos Trimestrais com diferentes níveis de exigência.
Uma importante fonte de idéias para Trabalhos Trimestrais está nos artigos publicados em revistas voltadas ao Ensino de Física, tais como RBEF (Revista Brasileira de Ensino de Física), RFE (Revista Física na Escola) e CBEF (Caderno Brasileiro de Ensino de Física) e também nas comunicações orais apresentadas nos SNEF (Simpósios Nacionais de Ensino de Física). Algumas destas idéias encontram-se no CD dos Trabalhos Trimestrais e no item sugestões desta Homepage.
Os critérios de escolha dos assuntos para Trabalhos Trimestrais são estabelecidos pelo professor. Uma idéia inspiradora para estabelecer estes critérios foi escrita por Ausubel:
"... o fator isolado mais importante que influência a aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe; descubra isso e ensine-o de acordo".[5]
O contexto original desta frase é distinto do contexto dos Trabalhos Trimestrais. Entretanto o princípio de ensinar a partir daquilo que o aluno já sabe também está presente em outras teorias da aprendizagem (Vygotsky, Bruner), devendo ser observado no momento de escolher os assuntos que serão propostos para a realização dos Trabalhos Trimestrais.
Quando for apresentada a primeira proposta de Trabalhos Trimestrais é interessante sugerir assuntos simples, sobre os quais os alunos tenham significativo domínio, para que possam dedicar mais tempo à compreensão da metodologia. Elaborar um Projeto de Pesquisa, organizar o Caderno de Campo, preparar a Apresentação e escrever o Relatório Final gera muito trabalho que precisa ser aprendido. Se além dessa quantidade de "coisas" que devem ser aprendidas, o aluno ainda for obrigado a desenvolver uma experiência complicada, o efeito pode ser aversão aos Trabalhos Trimestrais e a atividade que deveria tornar a Física mais interessante, passará a ser mais um motivo para detestar esta disciplina.
A partir do segundo Trabalho Trimestral descubra o que o aluno já sabe e proponha assuntos que estejam dentro da zona de conhecimento proximal de Vygotsky. É importante que o aluno tenha condições de desenvolver o projeto, mas também é importante que ele sinta o prazer do desafio, que ele perceba que está aprendendo algo novo, interessante e que será útil para a sua vida.
Justificativas para oferecer modelos e exemplos que ajudem os alunos a compreender como uma atividade deve ser desenvolvida, como ela será avaliada, são claramente apresentadas por Joseph Novak .
"É necessário dar-se aos formandos uma orientação clara e suficiente da forma como devem preparar e entregar os relatórios. As amostras de relatórios feitos por grupos anteriores também podem ser úteis e, normalmente, ponho à disposição quer relatórios exemplares, quer os que poderiam ter sido melhorados, incluindo observações que indicam por que razão se avaliaram os relatórios de determinada forma. Também utilizo gravações de vídeo para ilustrar boas apresentações orais (com autorização dos autores). Tal como em qualquer avaliação, a ambigüidade relativamente aos padrões de perfeição tem como conseqüência atitudes negativas e a diminuição do desempenho. Se se pretender que os formandos demonstrem claramente os seus êxitos na construção e apresentação de novos significados, precisam de orientação e de assistência, bem como de prática para o fazerem bem".(NOVAK, 2000. p.197)[6]
Os exemplos disponíveis no CD dos Trabalhos Trimestrais têm validade para alunos de outras instituições, desde que o professor selecione alguns trabalhos em que possa mostrar pontos positivos e pontos que devem ser melhorados. O valor maior do conteúdo do CD é servir de exemplo, mostrando detalhes que um texto não pode descrever para professores que queiram utilizar a proposta nem para alunos que precisam realizar Trabalhos Trimestrais.
Nos primeiros Trabalhos Trimestrais será necessário usar trabalhos dos alunos de anos anteriores, escolhendo dois ou três Projetos de Pesquisa como exemplos nos quais se assinalam pontos importantes, a ser comentados na Aula das Propostas. Depois que uma turma desenvolveu os primeiros Trabalhos Trimestrais será conveniente comentar os Projetos de Pesquisa já desenvolvidos, cuidando para não causar constrangimentos aos autores referidos. Estes critérios se aplicam à escolha de exemplos de Caderno de Campo, de Relatório Final e de Apresentações se estas forem filmadas.
Os modelos de Projetos de Pesquisa e de Relatório disponíveis no CD e na Internet, são exemplos de como organizar e formatar estes documentos. Os professores que implantarem Pequenos Projetos de Pesquisa em suas escolas, poderão disponibilizá-los para seus alunos. Seria pouco significativo afirmar que o professor deve oferecer modelos para seus alunos sem apresentar exemplos. Abra os modelos disponibilizados, destaque os pontos que considerar importantes e prepare os arquivos para mostrar na Aula de Propostas.
Muitos alunos têm conhecimentos de informática mais abrangentes que os professores, mas poucos têm os conhecimentos exigidos pela escola. Adolescentes usam o computador para jogos e para navegar na Internet, cabendo à escola ensiná-los a usar editores de texto e ferramentas de busca. O professor pode participar desse processo, ou preparando uma demonstração para explicar como usar os modelos, ou escolhendo alguns endereços de busca na Internet, ou ainda ensinando como usar este recurso para fazer pesquisas escolares.
Trabalhos Trimestrais são desenvolvidos no contexto das aulas de Física, mas estas estão inseridas em um contexto mais amplo da escola, criando a necessidade de adequar o cronograma ao calendário escolar e às disponibilidades do professor. Pequenos Projetos de Pesquisa são atividades longas para os quais os alunos necessitam o máximo de tempo possível. Estes aspectos foram considerados na elaboração das sugestões a seguir.
Planeje a atividade com antecedência e prepare os materiais, de modo que a Aula das Propostas possa ocorrer na primeira semana do trimestre. O inicio do trimestre tende a ser um período com menor acúmulo de avaliações, facilitando a organização do Projeto de Pesquisa para os alunos.
Um mês é tempo suficiente para fazer o Projeto de Pesquisa. Permita que os alunos se organizem em grupos, estudem o material indicado pelo professor, definam qual pesquisa vão fazer e escrevam o projeto. Os Projetos de Pesquisa são documentos de duas ou três páginas, sua avaliação consome em média vinte minutos. Considere esta informação para estimar o tempo que deverá ser dedicado à avaliação dos projetos.
As horas de preparação não são pagas por todas as escolas. Quando a escola reconhece esta necessidade do professor, ele pode reservar alguns horários de preparação para orientar os grupos de alunos. É importante comunicar estes horários para as turmas e fazer uma agenda com o intuito de evitar que muitos grupos venham no mesmo horário. Em escolas que não pagam as horas de preparação, a alternativa (não vivenciada pelo autor) será orientar separadamente os grupos de pesquisa durante as aulas, deixando tarefas para a turma. Uma orientação leva de quinze a vinte minutos, sendo difícil realizá-la para mais de quatro grupos em uma aula.
Agendando a Apresentação e o último prazo para entrega dos Cadernos de Campo e dos Relatórios Finais para acontecer duas semanas antes de encerrar o trimestre, o professor estará reservando tempo para avaliar todos estes documentos, evitando que a Apresentação e a finalização dos Trabalhos Trimestrais ocorra em uma época que tradicionalmente acumula muitas avaliações.
A avaliação de um Caderno de Campo consome aproximadamente vinte e cinco minutos e um Relatório Final, trinta minutos. Considerando que estes documentos serão avaliados no final do trimestre, quando há provas para corrigir e médias para "fechar", o professor deve organizar o seu tempo para conseguir realizar todas as tarefas. Aos alunos é sugerido fazer um cronograma de pesquisa, sendo esta sugestão também válida para professores. Na Tabela 1 é apresentado um cronograma aproximado para desenvolver a atividade durante um trimestre. Os tempos considerados neste cronograma estão baseados na realidade da Fundação Liberato para realizar Trabalhos Trimestrais em uma turma de 32 alunos.
Tabela 1. Cronograma dos Trabalhos Trimestrais com carga horária aproximada para desenvolver a atividade em uma turma de 32 alunos.
Atividades | |||||||||||||
01 | 02 | 03 | 04 | 05 | 06 | 07 | 08 | 09 | 10 | 11 | 12 | 13 | |
01/1 07/1 | 08/1 14/1 | 15/1 21/1 | 22/1 28/1 | 29/1 05/2 | 06/2 12/2 | 13/2 19/2 | 20/2 26/2 | 27/2 02/3 | 03/3 09/3 | 10/3 16/3 | 17/3 23/3 | 24/3 30/3 | |
Propostas | 2h | ||||||||||||
Orientações | 1h | 1h | 1h | ||||||||||
Receber documentos | 1h | 1h | |||||||||||
Avaliar Projetos | 3h | ||||||||||||
Aula das Apresentações | 2h | ||||||||||||
Avaliar Cadernos | 2h | 1h | |||||||||||
Avaliar Relatórios | 2h | 2h | |||||||||||
Preparar próximo T.T. | 1h | 1h |
Quando se oferece a possibilidade de enviar Projetos de Pesquisa e Relatórios Finais pela Internet, é preciso reservar algum tempo para abrir as mensagens e confirmar o recebimento dos documentos em boas condições. Fica combinado com os alunos que o trabalho só está entregue depois que eles receberem uma resposta, ou confirmando o recebimento do e-mail, ou mensagem no ambiente de ensino a distância. Nesta resposta será dito se o arquivo enviado está bom ou se houve algum problema. O mesmo critério se aplica para trabalhos entregues em disquete ou CD.
Por muito tempo a avaliação dos Trabalhos Trimestrais foi feita através da leitura dos documentos e posterior atribuição de nota. A média ponderada destas notas permitia obter a nota final do Trabalho Trimestral. Este é o procedimento mais rápido para fazer a avaliação, mas é fácil apontar problemas relacionados a este método:
Uma alternativa para reduzir estes problemas é escrever pareceres sobre cada etapa do trabalho. A nota será atribuída por exigências burocráticas e o parecer informa ao aluno o que está bom no seu trabalho e o que deve ser aperfeiçoado. O parecer, quando bem feito, é a melhor forma de avaliação dos trabalhos, permitindo abordar todos os aspectos e sendo específico. No entanto esta solução sobrecarrega o professor com a redação dos pareceres.
A elaboração do Guia do Aluno, que tem instruções para fazer cada parte do Trabalho Trimestral, permitiu desenvolver fichas de avaliação onde é verificado se cada instrução foi seguida. Cópias destas fichas estão disponíveis impressas no Guia do Aluno ou em arquivos da pasta arq do CD:
Estes arquivos podem ser usados para avaliar as atividades dos alunos, conforme orientações do capítulo 6 - Avaliando Trabalhos Trimestrais -, e revisados para atender as exigências do professor.
Ser exemplo é uma ótima forma de ensinar. Se o professor tem a intenção de desenvolver competências de organização, é importante que ele demonstre uma boa organização das atividades, tendo alguns cuidados importantes que se referem aos Trabalhos Trimestrais que passamos a discutir.
Reservas de material: para a Aula das Propostas e para a Aula das Apresentações são necessários aparelhos como retroprojetor e, se a escola tiver computador e datashow que devem ser reservados com antecedência, assim como a sala apropriada para as Apresentações, quando a sala de aula não tem condições apropriadas para esta atividade.
Redação da proposta: depois de escolher o assunto, selecionar artigos e exemplos, preparar modelos, confirmar a disponibilidade dos aparelhos. É importante escrever uma proposta com o objetivo do trabalho, as datas de entrega de documentos, as referências bibliográficas indicadas, dicas para encontrar os exemplos e modelos e lembretes sobre alterações nos modelos ou planilhas de avaliação para entregar aos alunos.
Caderno de Campo do Professor: é um exemplo para os alunos e permite ao professor fazer apontamentos conforme sugestões do Momento de Orientação, além de ser uma proteção contra eventuais bugs e permitir consultas rápidas sobre o andamento do trabalho.
Pasta dos Trabalhos Trimestrais: para quem receber documentos pela Internet é recomendado que crie uma pasta, com sub-pastas para as turmas e os grupos, onde vai salvar os arquivos referentes aos Trabalhos Trimestrais.
Ambiente de Aprendizagem: a experiência com o TelEduc mostrou que o uso do portfólio auxilia na organização dos grupos e no compartilhamento de arquivos, mas para comunicação dos alunos com o professor a melhor alternativa foi o correio. A ferramenta Material de Apoio desse ambiente se mostrou de grande utilidade para compartilhar exemplos e modelos.
As precauções apontadas neste tópico talvez sejam adotadas naturalmente por muitos professores, mas o que é natural para alguém com experiência pode não o ser para um iniciante. Com o intuito de responder as dúvidas mais freqüentes foi elaborada esta descrição de como os Trabalhos Trimestrais são preparados na Fundação Liberato.
Momento de Orientação é uma pequena reunião que o professor mantêm com cada um dos grupos de Trabalho Trimestral, cuja organização é importante. É impossível que o professor prepare cada encontro individualmente, sendo importante estabelecer uma rotina que inclui registrar data, nome dos alunos participantes, e assunto no Caderno de Campo do professor, solicitando o Caderno de Campo dos alunos para uma revisão do trabalho já realizado e perguntando o que já foi estudado, quais são as dúvidas.
Uma página de caderno é suficiente para registrar os pontos necessários para uma boa orientação e acompanhar o desenvolvimento das atividades de cada grupo. Assim que o professor for informado da composição do grupo, ele lhe atribui um nome (grupo A, grupo B...) registrando os nomes dos componentes do grupo e o assunto da pesquisa. Dará continuidade aos registros sempre que receber uma mensagem ou documento do grupo, ou enviar uma mensagem ou documento para o grupo, ou conversar com o grupo. Reunindo todas as informações em uma página, será fácil acompanhar o desenvolvimento do Trabalho Trimestral do grupo e alertar os alunos quando notar um problema.
Não foi desenvolvido um protocolo para a avaliação do Momento de Orientação, mas esta é uma etapa importante, pois propicia um contato individualizado do professor com cada grupo de trabalho. Esta avaliação possui peso de 10% na nota final do Trabalho Trimestral e pode usar os seguintes critérios: a participação, o inte-resse e a clareza do grupo em expor suas idéias. Os valores maiores desse momento são a interação professor-aluno e a possibilidade de compartilhar significados, sendo justo centrar a atenção na conversa com os alunos, e atribuindo 10% da nota a quem participar do Momento de Orientação.
Solicitando o que o grupo já estudou, o professor evita cair na armadilha do "O que devemos fazer?" e pode orientar os alunos de acordo com o que estudaram. O Trabalho Trimestral tem por finalidade que os alunos estudem Física com um enfoque que lhes seja interessante. Ao professor cabe ajudar na compreensão desse enfoque, mas não defini-lo.
Quando o Momento de Orientação é posterior à entrega do Projeto de Pesquisa, o professor faz os registros normais de rotina e começa a conversa sobre o projeto ressaltando aspectos positivos, inovações e boas idéias, sem esquecer de orientar o grupo para repensar e corrigir itens que não estão claros ou que contêm erros. A seguir o grupo expõe o andamento do projeto, quais etapas já foram reali-zadas, quais dificuldades que estão sendo encontradas.
A melhor forma de abordar o Momento de Orientação é trabalhar com perguntas flexíveis que permitam conhecer as capacidades gerais dos alunos para realizar a pesquisa, os instruindo para estabelecer um objetivo alcançável com os recursos disponíveis no período em que devem realizar o Trabalho Trimestral.
Dedicando dois períodos de aula (cem minutos) para apresentar as Propostas para o Trabalho Trimestral, é possível fornecer orientações suficientes para que os alunos iniciem a atividade, exceto nas turmas que estão realizando os primeiros Trabalhos Trimestrais. Para estas será necessário dispor mais duas ou três aulas para orientar sobre a elaboração dos documentos (Projeto de Pesquisa, Caderno de Campo e Relatório Final).
Na Aula das Propostas o professor indica artigos, textos e páginas de Internet selecionados para começar o Trabalho Trimestral e escrever o Projeto de Pesquisa e depois faz comentários sobre os modelos de Projeto de Pesquisa e de Relatório Final, seguidos de comentários sobre exemplos de Cadernos de Campo e Apresentações. Estes comentários são acompanhados de uma revisão das planilhas de avaliação que consiste em comentar aspectos que foram bem desenvolvidos, aspectos que poderiam estar melhores no trimestre anterior e alterações feitas nas planilhas.
Os modelos do Projeto de Pesquisa e do Relatório Final, disponibilizados para os alunos através da Internet, nesta página e no ambiente de aprendizagem, permitem apresentar orientações suficientes para fazer Trabalhos Trimestrais e reduzir a ansiedade do aluno. Quem sugerir este material deve fazer os devidos comentários em aula, tendo o cuidado de não considerar estes exemplos e modelos como sendo a única forma correta de apresentar as tarefas.
A Aula das Propostas começa com a entrega do texto preparado pelo professor seguida de uma revisão no calendário, onde os alunos registrarão as datas relevantes em sua agenda.
A apresentação dos assuntos consiste em descrever as experiências que os alunos podem fazer, os recursos materiais que serão necessários, os locais onde estes materiais são encontrados, os textos (artigos) para estudar e as possíveis dificuldades que serão encontradas durante a execução de cada trabalho.
Falar da importância de cada uma das referências bibliográficas, fazendo um resumo para contextualizar o assunto é dar aos alunos um ponto de partida para o desenvolvimento do Trabalho Trimestral.
Não esquecer de mencionar onde os alunos têm acesso aos modelos e exemplos das etapas do Trabalho Trimestral.
As instruções disponibilizadas no Guia do Aluno podem ser o ponto de partida para orientar os alunos sobre a elaboração do Projeto de Pesquisa. Como este texto reflete as exigências de professores da Fundação Liberato para a organização desta etapa, é necessário que cada professor destaque aquilo que considerar importante. Alguns aspectos descritos no Guia do Aluno e que devem ser reforçados em aula são:
O editor de textos Word de Microsoft foi usado para desenvolver o modelo de projeto (mdl_prj.doc) disponibilizado no CD e na página dos Trabalhos Trimestrais. Além da configuração das páginas e da formatação dos estilos, para facilitar o acesso às informações, foram incluídas instruções de uso do modelo baseadas nas orientações do Guia do Aluno. Se for possível, o professor deve mostrar este modelo e explicar como usá-lo.
Além de reforçar as orientações do Guia do Aluno e comentar o modelo de projeto disponibilizado, sugerimos que o professor escolha alguns projetos disponíveis no CD ou desenvolvidos por seus alunos para apresentar como exemplos. Considerando que a explicação do professor e os textos escritos não são garantia de compreensão, é recomendado oferecer exemplos que ajudem na internalização de valores referentes a Projetos de Pesquisa.
Por fim, comente a ficha que será usada na avaliação dos Projetos de Pesquisa, pois uma boa avaliação depende da clareza com que se apresenta os valores e os critérios que serão usados.
Quando o professor orientar para a organização do Caderno de Campo é importante que ele reforce as orientações do Guia do Aluno, ressaltando que o Caderno de Campo é um importante meio de organização do grupo e de manutenção dos registros cuja organização não deve ser vista como uma tarefa enfadonha que fica para o final do Trabalho Trimestral porque o professor exige. Além destes importantes aspectos, cabe ao professor lembrar os alunos de:
Como professor, você não deve esquecer que os alunos são novatos na arte de estudar e planejar, cuja noção de estudo muitas vezes está limitada a fazer exercícios e ler para as provas. Os Trabalhos Trimestrais visam que o aluno adquira autonomia para estudar e buscar informações; para isto é preciso orientá-lo sobre a importância de definir o objetivo da pesquisa com clareza, de organizar as buscas na Internet e de usar as referências bibliográficas de bons textos para ampliar a pesquisa.
Além das instruções do Guia do Aluno sobre os apontamentos de estudos e leituras, o professor pode falar da sua experiência de estudo e mostrar como podem fazer anotações que preservem as informações importantes evitando copiar textos inteiros.
Se considerar importante que os alunos registrem todas as experiências no Caderno de Campo, avise-os que não há descontos por medida errada, rasura ou tabela inválida. O importante é que todas as atividades sejam registradas da melhor forma possível, sem passar o caderno a limpo.
A apresentação em público tende a gerar ansiedade porque na escola tradicional a freqüência com que os alunos são defrontados com a necessidade de se apresentar em público é pequena. A única maneira de preparar o aluno para lidar com esta situação na vida adulta é criando situações em que ela ocorra na prática.
Apresentações filmadas estão no CD e podem servir de exemplo para que o professor comente pontos positivos e pontos considerados falhos.
Oriente os alunos para prepararem apresentações que atendem às exigências do protocolo de avaliação, lembrando-os que o experimento será avaliado, que o relato oral segue critérios de organização e que devem estar atentos à correção das informações apresentadas.
Quanto ao conteúdo lembre os alunos que estes devem: expressar claramente o objetivo; descrever a fundamentação teórica; explicar a metodologia experimental; e apresentar as conclusões do trabalho.
Não importando qual é o estilo de formatação do Relatório Final escolhido pelos alunos, este deve ter introdução, fundamentação teórica, desenvolvimento e conclusão. O professor pode reforçar as orientações do Guia do Aluno e sugerir outros itens que considera importantes no relatório. Os modelos que estão disponíveis têm:
Estes modelos contêm as mesmas instruções sobre conteúdo que constam do Guia do Aluno, o que permite ao professor comentar as informações que devem ser apresentadas em cada item durante a apresentação do modelo e das normas de formatação.
Assim como os Projetos de Pesquisa, os Relatórios Finais também podem ser copiados para o computador do professor, facilitando a obtenção de exemplos que poderão substituir os arquivos que constam no CD com vantagens, pois foram feitos por alunos que vivem a realidade onde o professor trabalha.
O professor estipula como o documento será entregue (impresso, em disquete, em CD, por e-mail ou através do ambiente de ensino a distância) e avisa os alunos que o recebimento de relatórios não impressos só será considerado depois que este for visualizado no seu computador e que este fato será confirmado na primeira oportunidade.
O Relatório Final pode ser apresentado no formato de, "Trabalho Científico" (padrão para relatórios extensos) ou "Artigo Científico" (usado para relatórios menores), sendo que os conteúdos independem da formatação escolhida.
Desenvolver nos alunos o hábito de colocar as referências bibliográficas é importante para criar o respeito pelo direito autoral e a valorização do próprio trabalho. Por isso diga que são indispensáveis em um relatório e devem seguir normas pré-estabelecidas. Além das normas apresentadas no Guia do Aluno e na página dos Trabalhos Trimestrais pode-se sugerir que os alunos visitem a página da Biblioteca do Instituto de Física da UFRGS ou da Biblioteca da UNISC:
www.if.ufrgs.br/bib/referencias.html
ou
www.unisc.br/biblioteca/normas_abnt.pdf
A Apresentação é um momento único. Mesmo que os alunos a repitam ela nunca será igual. Por mais que o professor se esforce em gerar um registro material desta atividade, este registro será parcial. Esperamos que isto seja argumento suficiente para alertar da necessidade de preparar adequadamente esta aula para que os alunos possam mostrar os seus trabalhos, relatar suas experiência e serem avaliados da melhor forma possível.
Fig. 1 - Organização do laboratório para a Aula das Apresentações.
Algumas características que tornam o laboratório de Física da Fundação Liberato, esquematizado na Fig 1, o ambiente apropriado para este momento são:
Disponibilizando as mesas em círculo se permite que os alunos montem o experimento no local em que ele será apresentado para a turma agilizando as Apresentações. Usar uma mesa fixa para as apresentações apresenta como vantagem o fato de todos os grupos terem o mesmo acesso aos recursos de multimídia (retroprojetor e datashow) e ao quadro, mas infelizmente isto reduz a agilidade, comprometendo a realização de todas as apresentações no tempo disponível. O uso de recursos multimídia pode aumentar o tempo necessário para as apresentações, mas não deve ser argumento para evitar o uso destas tecnologias. É intenção dos Trabalhos Trimestrais que os alunos conheçam a Física e as tecnologias do seu dia a dia, e isto inclui conviver com problemas inerentes às novas tecnologias.
Quanto à organização do tempo, sugerimos realizar as apresentações em um dia em que ocorrem duas aulas seguidas. Assim serão disponibilizados cem minutos para as Apresentações, dos quais vinte podem ser destinados à organização. Neste período os alunos montam os experimentos e o professor prepara os protocolos de avaliação, conferindo se todos o grupos estão organizados. No restante da aula cada grupo se apresenta, sendo o tempo disponível por grupo de aproximadamente dez minutos, podendo sofrer redução quando há mais que oito grupos para apresentar.
As apresentações são feitas em seqüência, sem espaços para perguntas, enquanto o professor faz as avaliações. Esta é uma opção que pode ser reconsiderada. O espaço para perguntas é importante para a troca de experiências, mas criar este espaço implicará em mais aulas para as Apresentações. Uma alternativa seria criar um fórum de discussão em um ambiente de aprendizagem, para que os alunos apresentassem suas dúvidas, comentários e sugestões.
A aula em que os alunos apresentam os resultados do Trabalho Trimestral é também a aula em que entregam o Caderno de Campo e o Relatório Final, o que pode ser feito depois da aula pelos alunos que utilizam a Internet.
Chegando ao final da atividade, será necessário avaliá-la. Uma avaliação clara, que diferencie o que está bom do que deve ser melhorado, dá ao aluno a certeza de que o professor valorizou a sua atividade e leu seus trabalhos com atenção. Esta certeza será o feedback necessário para que eles continuem se esmerando nos próximos trabalhos.
Avaliações objetivas se adaptam à realidade de professores que cumprem mais de uma jornada de trabalho, somente dando o feedback apropriado se forem bem elaboradas. Neste capítulo são apresentados protocolos para agilizar e uniformizar os critérios de avaliação dos Pequenos Projetos de Pesquisa. Para compreender a importância de cada item destes protocolos, é recomendado mais uma vez recorrer à dissertação de mestrado.
Tabela 2. Peso de cada etapa na composição da nota do Trabalho Trimestral.
Etapa | |
---|---|
Projeto de Pesquisa | 10% |
Momento de Orientação | 10% |
Apresentação | 15% |
Caderno de Campo | 30% |
Relatório Final | 35% |
Na Fundação Liberato a nota do Trabalho Trimestral corresponde a 30% da nota final e é calculada pela média ponderada das notas das etapas que constam na Tabela 2 e que são obtidas a partir dos protocolos.
As características do Momento de Orientação dificultam o desenvolvimento de um protocolo de avaliação. Para evitar que o professor se concentre na avaliação e deixe de trocar idéias com os alunos, sugerimos que quem participar do Momento de Orientação deva receber a pontuação correspondente.
Protocolo é o procedimento que o professor usa para avaliar uma atividade. Ler o trabalho e depois lhe atribuir uma nota ou conceito não deixa de ser um protocolo de avaliação, talvez o melhor quando a quantidade de atividades para corrigir é pequena e o professor puder disponibilizar tempo para comentar os itens não satisfatórios, escrevendo um parecer que complemente a nota ou conceito. A simples atribuição de nota ou conceito dá retorno insuficiente para que o aluno saiba como fazer trabalhos melhores.
Normalmente o final do trimestre culmina com a entrega de dezenas de Relatórios Finais e Cadernos de Campo, acrescentando a isso a realização de provas; assim sendo, o professor dificilmente fará uma boa avaliação dos Trabalhos Trimestrais nos termos descritos no parágrafo anterior, pois aquele é um processo cansativo que requer concentração. Para amenizar este problema sugerimos que o professor faça uso das fichas de avaliação já mencionadas no item 2.4 - Revisão das planilhas de avaliação - desse guia.
A forma de utilização destas fichas dependerá da realidade da escola, sendo que na Fundação Liberato foram testados três modos de utilização das mesmas.
Ficha simplificada: depois de imprimir as fichas de avaliação o professor marca certo, se considerar que o item foi satisfatoriamente desenvolvido, ou errado, quando entender que o grupo deveria melhorar o item. A nota será atribuída depois da contagem de acertos. A principal dificuldade encontrada neste modo de utilização das fichas é a valoração parcial dos itens.
Ficha pontuada: para amenizar a dificuldade encontrada na utilização da ficha simplificada, o professor pode recorrer a uma escala de pontuações que permita diferenciar itens com diferentes níveis de qualidade.
Planilha eletrônica: que contém as fichas de avaliação para serem preenchidas no computador. O uso da informática permite fácil soma dos pontos, uso de menções para atribuir significado às pontuações e fácil compartilhamento da informação, mas estas vantagens têm um preço: a limitação dos espaços onde se pode fazer avaliações.
Ficha completa: procura apresentar as menções em um documento que possa ser impresso e assim permitir que elas sejam assinaladas. Esta alternativa não foi testada, mas estas fichas estão disponíveis no apêndice deste guia para que os interessados tenham acesso rápido às menções utilizadas nas planilhas.
As menções usadas na planilha eletrônica procuram refletir os valores apresentados no Guia do Aluno e nos próximos tópicos, devendo ser observados na avaliação de cada etapa do Trabalho Trimestral.
Em qualquer atividade humana é preciso planejar, avaliar os recursos disponíveis, e estabelecer metas para serem alcançadas. É neste sentido que elaborar um Projeto de Pesquisa requer competências que ultrapassam os limites do ensino da Física.
Considerando que o Projeto de Pesquisa é a etapa inicial, lhe foi atribuído um peso menor na nota, mas isto não significa que ele tenha importância menor no processo, pois a definição clara do objetivo é um passo fundamental no desenvolvimento do Trabalho Trimestral.
Desejando coerência entre a ficha de avaliação do projeto e as respectivas orientações que constam do Guia do Aluno, esta foi elaborada para contemplar os itens que seguem.
Identificação: é avaliada pois entendemos que atender exigências burocráticas faz parte da vida em uma sociedade organizada.
Introdução: deve contextualizar o assunto de alguma forma com a vida cotidiana e encaminhar para a justificativa na medida em que aponta um problema que merece atenção.
Justificativa: deve refletir sobre a importância de fazer a investigação e argumentar em favor do objetivo que será estabelecido.
Objetivo: deve estabelecer limites para a investigação que atendem às expectativas do professor.
Fundamentação Teórica: expressa consciência dos conhecimentos de Física que os alunos devem adquirir sobre o experimento propriamente dito e também sobre conteúdos relacionados ao Trabalho Trimestral que vão fazer.
Metodologia: descreve o planejamento das experiências e como serão feitas as montagens, medidas e análises demonstrando quão profundamente os alunos compreenderam o trabalho que pretendem fazer.
Exeqüibilidade: na qual os alunos auto-avaliam as suas potencialidades e os recursos necessários para fazer o trabalho.
Cronograma: onde o grupo descreve como pretende organizar o seu tempo.
Segundo a interpretação de Gowin apresentada por Moreira:
"O processo de pesquisa pode ser visto como uma estrutura de significados. Os elementos dessa estrutura são eventos, fatos e conceitos. O que a pesquisa faz através de suas ações é estabelecer conexões específicas entre um dado evento, os registros feitos deste evento, os julgamentos factuais derivados desses registros, os conceitos que focalizam regularidades nos eventos e os sistemas conceituais utilizados para interpretar esses julgamentos a fim de chegar à explanação do evento. Criar essa estrutura de significados em uma certa investigação é ter feito uma pesquisa coerente." [5]
A valorização do Caderno de Campo estimula os alunos a manter o registro organizado das atividades, permitindo avaliar aspectos importantes da investigação científica na medida em que o registro do desenvolvimento do trabalho dá acesso à evolução da pesquisa.
O professor pode exigir que o Caderno de Campo tenha uma folha de rosto, um termo de abertura e um encerramento, mas as possibilidades de criar um modelo, com uma seqüência de itens, terminam aí. Isto tem reflexos na elaboração e uso de uma ficha de avaliação, pois inviabiliza a avaliação seqüencial item por item, levando ao desenvolvimento de um protocolo dividido em quatro blocos:
Aspectos gerais do caderno: que procura avaliar a organização do Ca-derno de Campo considerando aspectos visuais e quantitativos.
Avaliação do registro das consultas: no Guia do Aluno é recomendado que se anote os dados necessários para as referências bibliográficas e seja feito um pequeno resumo de cada referência consultada. Neste bloco o professor verifica se o aluno seguiu estas orientações e registra as quantidades de textos, páginas de Internet e pessoas consultadas durante o trimestre.
Avaliação da estrutura conceitual: é o bloco em que se procura avaliar a aprendizagem significativa dos alunos. Registros de referências e resumos podem ser feitos mecanicamente, sem que o aluno se aproprie do significado dos conceitos, princípios e teorias que estudou. Analisando o planejamento da experiência, a interpretação dos resultados, a descrição do aparato experimental e a explicação de funcionamento do experimento, será possível avaliar a aprendizagem significativa na medida em que estas explicações refletirem idéias dos alunos em relação à pesquisa, não podendo ser copiadas das referências ou de outros textos.
Avaliação das atividades experimentais: neste bloco se visa avaliar como o grupo conduziu os experimentos, o que envolve descrição da montagem, dos ajustes, das medidas, organização de tabelas e gráficos, análise dos resultados e conclusões.
Apresentar um resultado para um grupo não é uma habilidade inata, mas uma competência cada vez mais exigida pelo mercado de trabalho, e para a qual o aluno deve ser preparado. Esta idéia é compartilhada com Novak, como pode ser visto na citação:
"Os relatórios orais dos projetos são o caso típico do relatório que podem ter de fazer em quase todos os empregos de escritório e também, cada vez mais, nos de operariado". [6]
Submeter alunos a atividades planejadas de exposição para o grupo, com critérios claros de avaliação, é o modo da escola poder preparar os alunos para o mercado de trabalho e a cidadania. Por isto a ficha de avaliação da apresentação destaca o experimento e o relatório oral, pois esta é a oportunidade na qual o professor pode avaliar estes itens, reduzindo a atenção para a correção das informações que podem ser avaliadas no Relatório Final.
Para organizar a ficha de avaliação, esta foi dividida em três blocos:
Avaliação do experimento: inclui vários aspectos que não precisam ser simultâneos em bons trabalhos, mas que procuram avaliar qualidades como funcionamento, acabamento, criatividade, volume de trabalho e coerência com o projeto.
Relatório oral: ou Apresentação é o bloco no qual se procura diversificar e ampliar o leque das habilidades e competências avaliadas, beneficiando aqueles alunos que apresentam maior dificuldade em um sistema de avaliação baseada em provas escritas. Aspectos passíveis de avaliação neste bloco são: organização, uso de recursos, distribuição de tarefas, formalidade, adequação ao tempo disponível e colaboração com outras Apresentações.
Avaliação do Conteúdo: nesta etapa este bloco da avaliação recebe menos destaque, mas consta para que os alunos cuidem da correção de suas afirmações e organizem uma seqüência lógica para o momento. Através do Guia dos Alunos, eles são instruídos a incluir objetivo, fundamentação teórica, desenvolvimento e conclusão nesta atividade.
O Relatório deve ser representativo do conhecimento produzido/adquirido pelos alunos. Valorizando textos que estejam desvinculados do texto de referência, o professor pode estimular os alunos a compreender o conteúdo antes de escrever a fundamentação teórica.
Outro aspecto que deve ser ensinado aos alunos é o uso de uma linguagem técnica para escrever o Relatório Final, sem valorizar esta linguagem em detrimento do relato das atividades desenvolvidas pelo grupo. Uma alternativa para incentivar a redação correta dos textos é a avaliação interdisciplinar dos trabalhos com as disciplinas da área de comunicação.
A ficha de avaliação do Relatório Final foi dividida em blocos que refletem a estrutura de relatório sugerida no Guia do Aluno e nos modelos de relatório disponíveis no CD e na Internet. São nove os itens considerados.
Aspectos Gerais: para conferir a entrega do relatório, o não esquecimento de itens solicitados e a formatação.
Capa ou cabeçalho: para conferir a identificação do trabalho.
Sumário ou resumo: para conferir se este item identifica claramente o conteúdo do Relatório.
Introdução: para avaliar se este item do relatório informa ao leitor o objetivo, os assuntos que serão desenvolvidos e o caminho seguido pelo grupo.
Fundamentação teórica: para avaliar se este item está livre de erros conceituais, se é pertinente à pesquisa, se evita a transcrição ou resumo de capítulos de livros, sem esquecer conceitos importantes para a compreensão do problema estudado.
Desenvolvimento: para verificar se este item descreve a parte prática da pesquisa usando linguagem clara para explicar a montagem do experimento, os procedimentos de medida, os procedimentos de análise e as dificuldades encontradas.
Conclusão: para avaliar se este item responde o objetivo proposto, podendo ter declarações sobre a importância do trabalho.
Referências bibliográficas: para verificar se todas as fontes foram citadas com as informações necessárias seguindo um padrão de formatação.
Elementos gráficos: para verificar se os elementos gráficos (tabelas, figuras e equações) foram identificados e se o relatório está livre de erros de redação.
As pesquisas em ensino de Física no Brasil começaram na década de 1970, mas apesar de existir no país uma estrutura de divulgação destes resultados [7], até hoje poucos resultados chegaram às salas de aula. Acredito que levar os resultados do meu trabalho para outras salas de aula não será fácil, e com certeza este processo não vai acontecer se não for disponibilizado material que professores possam usar. O material de Apoio que descrevo neste capítulo tem a finalidade de encurtar o caminho da experiência desenvolvida na Fundação Liberato para outras realidades.
Preparar uma unidade didática para ensino de Física, dando-lhe um enfoque diferente do tradicionalmente usado pelos autores de livros didáticos, requer dedicação e trabalho equivalente à pesquisa para uma dissertação de mestrado.
Alem deste Guia do Professor o material de apoio que refiro inclui o Guia do Aluno, o CD dos Trabalhos Trimestrais e a Página dos Trabalhos Trimestrais na Internet.
Nas próximas páginas serão descritas intenções do autor ao elaborar os materiais que constituem o produto da sua pesquisa para conclusão do Mestrado Profissional em Ensino de Física.
Para poder atingir o professor que atua em sala de aula, possuindo grande carga horária e muitas vezes trabalhando em mais de uma escola, foi elaborado este texto de leitura rápida, fornecendo as orientações necessárias para implantar a proposta dos Pequenos Projetos de Pesquisa.
As informações que constam neste guia estão resumidas. Sempre que um professor que tenha aceitado o desafio de desenvolver Trabalhos Trimestrais sinta necessidade de obter informações detalhadas sobre algum aspecto da atividade, poderá recorrer à dissertação de mestrado ou a algum outro material de apoio.
Originalmente este manual para desenvolver Trabalhos Trimestrais foi escrito para alunos da Fundação Liberato; entretanto instruções úteis para alunos de uma escola podem ter validade para outros alunos, desde que adaptadas à nova realidade.
O guia é uma referência para orientar os alunos, recomendando-se que ele fique disponível para consulta sempre que os alunos tiverem necessidade de esclarecer dúvidas. O endereço desse guia na internet é o seguinte:
www.if.ufrgs.br/~mitza/g_alu.htm
Ao professor caberá reforçar as informações importantes e desconsiderar as instruções inadequadas para a realidade da sua escola. As informações foram organizadas por capítulos como segue.
Capítulo 2 - Projeto de Pesquisa - com orientações para a escolha do assunto e redação do documento Projeto de Pesquisa.
Capítulo 3 - Momento de Orientação - instrui os alunos a se prepararem para tirar melhor proveito desse encontro com o professor
Capítulo 4 - Caderno de Campo - instrui os alunos para fazer do caderno um instrumento que reúna as informações e dados da pesquisa necessários para escrever o Projeto de Pesquisa, o Relatório Final e preparar a Apresentação.
Capítulo 5 - Apresentação - fornece instrução para os alunos prepararem o experimento e organizarem o relatório oral.
Capítulo 6 - Relatório Final - é dedicado à redação e formatação desse documento e a organização de referências bibliográficas.
O objetivo desta mídia desenvolvida para rodar em plataforma Windows com resolução de tela 1024×768, é disponibilizar todo material desenvolvido referente a Trabalhos Trimestrais, o que inclui:
Os exemplos das etapas dos Trabalhos Trimestrais não foram selecionados, sendo apresentadas as quatro etapas de todos os trabalhos desenvolvidos por alunos da terceira série do Curso Técnico em Eletrônica durante o ano de 2004. Para facilitar a localização de bons trabalhos foi usada uma escala de smiles "J" para destacar os melhores trabalhos.
Cada vez que uma atividade didática é desenvolvida com os alunos, surgem novas idéias e ela sofre alterações. Como atividade didática os Trabalhos Trimestrais também passam por este processo. Para divulgar idéias posteriores à conclusão do mestrado foi criada a página na Internet, onde serão disponibilizadas as propostas encaminhadas aos alunos a partir de 2005, alguns Projetos de Pesquisa e Relatórios Finais, sugestões para Trabalhos Trimestrais e outros materiais e referências que permitem enriquecer o ensino da Física.
Acreditamos que as propostas encaminhadas para os alunos da Fundação Liberato possam, com as devidas adaptações, servir de inspiração alunos de outras escolas.
Disponibilizar os trabalhos feitos por alunos na Internet é uma forma de os valorizar, podendo ser consultados por outros alunos, inspirando futuros Trabalhos Trimestrais. É também uma forma de oferecer para os alunos iniciantes, textos de leitura mais simples do que os artigos destinados aos pesquisadores e professores em periódicos especializados.
Muitas vezes em um artigo se percebe uma boa idéia para um Pequeno Projeto de Pesquisa mas, quando se quer apresentá-la aos alunos, não se consegue localizar o artigo e a idéia é definitivamente esquecida. Escrever as sugestões e divulgá-las na Internet é um meio de manter registros destas idéias para Trabalhos Trimestrais, as disponibilizando para alunos que querem implementar uma pesquisa diferente daquelas sugeridas pelo professor.
O estudo das teorias da aprendizagem, o conhecimento de atividades não tradicionais de ensino e a compreensão da importância da avaliação antecederam o encontro de um referencial para embasar os Trabalhos Trimestrais. Muito trabalho foi realizado para documentar e analisar as atividades desenvolvidas pelos alunos durante o ano de 2004 para só depois se transferir todas estas informações para a dissertação.
Desejando que este trabalho não fique apenas guardado na estante da biblioteca, foi escrito o Guia do Professor na esperança de divulgar a proposta dos Pequenos Projetos de Pesquisa. Deixo o convite aos que leram este texto para refletir sobre o seu trabalho em sala de aula, os desafiando a ousar aulas diferentes e, quem sabe, introduzir a metodologia de Pequenos Projetos de Pesquisa.
[1] SCHWARTZ, Barry. A Tirania da Escolha. Scientific American Brasil. ano 2. n.24, p.62-67. (2004)
[2] ROGERS, Carl. Liberdade para aprender. 2ªed. Belo horizonte: Interlivros. 1973.
[3] GASPAR, Alberto. Física. 1ªed. São Paulo: Ática. 2003. 3v.
[4] MÁXIMO, Antônio e ALVARENGA, Beatriz. Curso de Física. São Paulo: Scipione. 2000. 3v.
[5] MOREIRA, Marco A. Teorias de aprendizagem. São Paulo: EPU. 1999.
[6] NOVAK, Joseph D. Aprender, criar e utilizar o conhecimento. Lisboa: Plátano. 2000.
[7] CARTA ao Editor: Por que, apesar do grande avanço da pesquisa acadêmica sobre ensino de Física no Brasil, ainda há pouca aplicação dos resultados em sala de aula? Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 26, n. 4, p. 293 - 295, (2004)