Nos tempos primitivos, em todas as civilizações, a observação do firmamento foi a atividade mais rica e prazerosa. O Sol, soberano, capaz de transformar a noite em dia, era quase sempre um deus. A Lua, do mesmo tamanho aparente do Sol, de forma inconstante, variando em fases que se repetem continuamente, estimulava a imaginação, multiplicando crenças e lendas. E as estrelas, iluminando o céu noturno, desenhando constelações, provocam desafios e indagações. Talvez o mais intrigante deles todos tenha sido as estrelas viajantes - os planetas.
Por que existem estrelas fixas e estrelas móveis ? Por que a Lua tem forma variável ? Por que o Sol aparece mais tempo no céu durante o verão e menos tempo no inverno ? Foram perguntas que todas as civilizações tentaram responder. E foram as respostas a essas perguntas que nos levaram à compreensão atual do universo. A grande pista para essa compreensão foi a regularidade dos fenômenos observados. Os dias e as noites, as fases da Lua, o movimento dos planetas, a posição das constelações, os eclipses, tudo, ou quase tudo, se repete com regularidade, de tempos em tempos.
A idéia de que tudo girava em torno da Terra era inevitável. O Sol e a Lua desaparecem de um lado e reaparecem do outro, e as estrelas e constelações descrevem trajetórias nitidamente circulares. Mas o grande desafio foi explicar o movimento dos planetas. O movimento retrógrado sempre foi particularmente intrigante : durante determinadas épocas do ano, os planetas parecem recuar, como se hesitassem antes de prosseguir na sua caminhada pelo firmamento.